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domingo, 12 de agosto de 2012

Sentimentos não são inimigos


Em razão de nossa inabilidade para lidar com sentimentos, é comum associarmos as emoções aos nossos adversários, obstáculos ou inimigos. Caso fosse possível, certamente muitas pessoas escolheriam não sentir.

Entretanto, uma corrente de médicos e psicólogos defende que algumas emoções que consideramos negativas como depressão, ansiedade, raiva, pessimismo, entre outras, são resultado de uma seleção natural, ou seja, elas continuam existindo porque oferecem vantagens aos seus portadores.

Eles comparam os sentimentos à mesma função que a dor tem em nossas vidas. Quando estamos na iminência de uma lesão durante alguma atividade física, nossos neurônios transmitem este estímulo para que paremos. Assim como a dor, as emoções nos fornecem informações que ajudarão a garantir nossa sobrevivência diante de riscos.

Por exemplo, a depressão, em oposição ao bom humor, serve para que voltemos atrás e pensemos melhor nossas opções em relação a algum objetivo. Ela abre espaço para a introspecção e autoexame necessários para tomar decisões difíceis, como desistir de objetivos inalcançáveis e buscar novas metas.

O mesmo acontece com outros sentimentos. São padrões de resposta diante de situações que podem trazer riscos ou oportunidades.

Por outro lado, o pesquisador Joseph Cardillo, em seu livro “Concentração: o segredo das pessoas produtivas”, escreveu sobre sua descoberta de que as emoções afetam nossa atenção inconscientemente porque nosso cérebro está preparado para salvar nossas vidas, respostas emocionais estão ligadas aos mecanismos primitivos de sobrevivência.

Sendo assim, nem sempre nossos sentimentos indicarão a melhor opção para a situação. Por exemplo, o medo imaginário ou irreal pode nos levar a comportamentos desesperados e desnecessários. É necessário submeter nossos pensamentos automáticos e esquemas de interpretação das informações exteriores à consciência.

Ele apresenta 4 estratégias para nos ajudar a descobrir o que as emoções querem nos dizer, quais suas causas e como tomar as melhores decisões. Cada estratégia consiste em um conjunto de perguntas que devemos responder:

Primeira Estratégia: Que emoção específica estou sentindo? Que informação “fria” estou recebendo? Há uma disjunção? Por quê? Sentir-me desta maneira afetou negativamente situações semelhantes no passado? Sentir-me desta maneira afetou positivamente situações semelhantes? Há coisas que faço melhor quando estou operando sob esta influência emocional? O quê? Há coisas que faço pior? Quais as minhas melhores opções para agir estando sob a influência do que estou sentindo? Escolha a melhor opção e vá em frente.

Segunda Estratégia (caso esteja em uma espiral depressiva): Como tais humores depressivos me afetaram em situações semelhantes no passado? Que coisas não estão fáceis? Diga a si mesmo que as coisas podem e irão mudar e não invista tanto em determinados assuntos. Que coisas se tornam mais fáceis por  meio destas alterações de humor? Escolha algo que faz bem sob a influência de alterações de humor e vá em frente.

Terceira Estratégia (quando emoções estiverem afetando pensamentos e ações): Que emoções positivas estou sentindo? Alguma destas emoções está afetando meus julgamentos? Qual delas? Como sentir-me desta maneira afetou situações semelhantes no passado? Como sentir-me desta maneira pode me afetar agora na medida em que persigo esta meta? Se o que estiver sentindo facilitar, vá em frente.

Quarta Estratégia (Empatia/Regra de Ouro): O que estou prestes a fazer? Visualize a ação/comportamento em sua mente. Qual é o alvo de minha ação em termos de pessoa, lugar ou coisa? Como esta ação/comportamento afetará tanto você quanto o alvo de sua ação? Você pode determinar isto fundindo o que está prestes a fazer, o alvo de sua ação e a si mesmo. Esta é uma boa coisa a fazer? Caso seja, faça-a. Caso contrário, não faça.

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