Nossa discussão de hoje é sobre os movimentos possíveis
que a espiritualidade pode assumir em recuperação. São dois: para cima ou para
baixo, para frente ou para trás, crescer ou diminuir, subir ou cair, progredir
ou regredir. Podemos defini-los da maneira que acharmos melhor, mas são apenas
dois.
O estado espiritual pode ser comparado a um
carrinho de controle remoto em um tipo de rampa considerável ascendente em que podemos controlar sua aceleração. Para que o carrinho inicie e
continue a subida, é preciso uma aceleração adequada. Se for insuficiente, é provável
que ele desça a rampa, podendo inclusive virar e quebrar.
Podemos destacar, principalmente, dois comportamentos
diretamente relacionados ao crescimento espiritual e à relativa ausência de
espiritualidade. Respectivamente, são eles: a vigilância e a complacência.
A vigilância consiste na admissão diária de nossas
impotências, aceitação da recuperação como condição para uma nova maneira de
viver, observação dos princípios espirituais, freqüência às reuniões e/ou
sessões com um profissional, auto-avaliação constante, manutenção mental, entre outros.
Segundo as experiências de muitos companheiros em
recuperação, “os bons momentos também
podem ser uma armadilha”. É natural que a partir da abstinência, a prática
dos princípios da recuperação apresente como resultados e/ou incentive-nos a buscar,
por exemplo, crescimento pessoal, qualificação profissional, reaproximação com
a família, relacionamentos, novos amigos, outras atividades sociais e a
necessidade de equilibrar estes papéis e tarefas diárias concorra para a
definição de prioridades. Não podemos esquecer que a recuperação é o
compromisso mais importante para nossas vidas porque sem ela nenhum dos
benefícios indiretos e/ou sociais da recuperação será possível.
A complacência, por outro lado, pode ser entendida
como o oposto. Ou seja, o retorno aos padrões negativos e destrutivos da ativa
como, por exemplo, a independência na medida em que podemos acreditar que não
precisamos mais da disciplina da recuperação, o orgulho na medida em que
voltamos a acreditar que um simples pedido de ajuda em alguma dificuldade pode
representar nosso fracasso, egoísmo, ingratidão, insatisfação, desconfiança, má vontade, competição, interesses
mesquinhos, entre outros.
Segundo a Prevenção de Recaída (PR), alguns
comportamentos servem como indicadores de atitudes negativas e de um possível
processo de recaída. Na mesma linha, a literatura de Narcóticos Anônimos (NA)
lembra que atitudes negativas são como fumaça indicando que há fogo. Neste
momento, devemos lembrar-nos de nosso passado e, mesmo que por alguns,
instantes, sentir como era estar em um estado de vazio espiritual e as conseqüências
desta ausência de espiritualidade.
Por fim, a recuperação é um presente muito desejado
de nosso Poder Superior. Caso pretendamos mantê-la, é necessário que cuidemos
muito bem dela, procurando sempre o desenvolvimento espiritual.
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