Páginas

domingo, 19 de agosto de 2012

Mensagem do Dia - Simplicidade e Prioridade


Nossa reflexão de hoje é sobre a necessidade de prioridades e simplicidade em nossas vidas.

Já discutimos em outros textos como o relacionamento com álcool e outras drogas podem desenvolver no dependente químico muitas inabilidades e uma ideia muito vaga de vida de forma geral. Enquanto a maioria das pessoas passava pelo processo natural de desenvolvimento, assumiam responsabilidades, enfrentavam, aprendiam e cresciam com os desafios, entre outros, o dependente químico refugiava-se em substâncias psicoativas (SPA).

Por conseqüência, adquirimos o hábito de superdimensionar as dificuldades, quando elas existiam, e transformá-las em problemas. Em recuperação, muito se ouve sobre as diferenças entre dificuldade e problema. Procuramos pesquisar e refletir um pouco a respeito de quais seriam. A dificuldade pode ser entendida como obstáculo, embaraço, apuro, contratempo, dúvida. É aquilo que é ou pode tornar algo difícil. No entanto, seria mais fácil contorná-la e as conseqüências, geralmente, não são tão graves. Por outro lado, o problema pode ser algo mais difícil de lidar e/ou resolver, principalmente porque, geralmente, compreende um conjunto de dificuldades. Exige uma solução mais elaborada e suas conseqüências, de forma geral, são mais drásticas. Segundo a filosofia, é algo que perturba a paz e/ou harmonia de alguém que possui algum.

As conseqüências pelas quais este tipo de personalidade é responsável também estão muito associadas à obsessão, ou seja, pensamentos fixos em alguém ou alguma coisa sobre os quais temos nenhum controle. Sempre, em nossas vidas, dizemos sim e não tanto para tarefas e outros como também para pensamentos, do ponto de vista cognitivo. Na medida em que nos concentramos e não reestruturamos pensamentos como estes, eles são alimentados e nos levam quase que à paralisação porque não conseguimos prestar atenção em quase mais nada.

Por exemplo, o agendamento inesperado de uma avaliação na escola ou faculdade, ao invés de nos estimular, por exemplo, a revisar o conteúdo estudado desde a última avaliação, pode nos paralisar com a ideia e o medo de que iremos mal, principalmente se já passamos por alguma experiência dramática parecida.

Quando entramos em recuperação, podemos nos assustar com a observação da necessidade de mudança radical em nossas vidas em razão da orientação que elas adquiriram em nossa ativa. A filosofia do “Só Por Hoje” lembra que nossas vidas ficam mais fáceis e mais produtivas quando vivemos um dia de cada vez. No entanto, ainda assim, um dia pode ser muito. Neste caso, é sugerido que vivamos um momento de cada vez.

Mesmo de momento em momento, é provável que tenhamos algumas dificuldades e/ou problemas para contornar ou resolver. Por isso, é extremamente importante a definição daquilo que é prioritário, ou seja, fazer por primeiro as coisas mais importantes. Segundo Goethe, “as coisas mais importantes nunca devem ficar à mercê das menos importantes”.  

Por outro lado, a necessidade de priorização aponta para outra: a de planejamento. Não conseguimos reconhecer aquilo que é prioridade sem antes identificar e definir aquilo que é importante. Precisamos de alguma referência. Viver um dia de cada vez ou de momento em momento não pode ser confundido com um tipo de vida em que vivemos sentados em um banquinho esperando algum fogo ao nosso redor para apagarmos. Assim, nossas vidas não fazem qualquer sentido. Sonhos, objetivos, metas são necessários.

Assim como, precisamos assumir a disposição da boa vontade no sentido de fazer algo mesmo que não seja nossa vontade ou desejo. Segundo Gray em seu livro “O denominador comum do sucesso”, “as pessoas bem-sucedidas têm o hábito de fazer coisas que os que falharam não gostam. Elas não gostam de fazê-las, tampouco. Mas sua contrariedade se subordina à força de seus propósitos”.

Por fim, simplicidade não significa fazer as coisas mais fáceis. Por exemplo, o economista comportamental Daniel Pink, em seu livro Motivação 3.0, descobriu que uma fonte de frustração no ambiente de trabalho é o desencontro freqüente entre o que se precisa fazer e o que se pode fazer. Quando o que é preciso fazer está além de nossa capacidade, o resultado é a ansiedade. Quando o que é preciso fazer está aquém de nossa capacidade, o resultado é o tédio. Como resposta, ele criou o conceito de “tarefas cachinhos dourados” para desafios nem muito interessantes, nem muito chatos, nem especialmente difíceis nem especialmente fáceis. É um conceito muito interessante que podemos utilizar em nossa recuperação.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...