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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mensagem do Dia - Abstinência e Reestruturação


Nossa reflexão de hoje é sobre a abstinência como condição para a recuperação, assim como o papel desta na transformação do dependente.

Mesmo na ativa, ou seja, fazendo uso de substâncias psicoativas (PSA) ou drogas recreativas que alteram a mente, acreditamos que se o dependente químico fosse questionado sobre as motivações que o levam a usar, com exceção de casos extremos de obsessão e compulsão, provavelmente a maioria saberia responder: influência, status, para se sentir parte de grupos, prazer, sensação de superioridade, anestesiar sentimentos, obsessão, compulsão, entre muitos outros.

Por outro lado, pensamos que o reconhecimento dos perigos parece um pouco mais difícil ou então mesmo reconhecendo-os perdeu a possibilidade de escolher ou não acredita que algo ruim pode acontecer com ele.

Em recuperação, provavelmente todos chegamos à conclusão de que estávamos seguindo o caminho da morte e autodestruição. Conforme sugere a literatura de Narcóticos Anônimos (NA), comprávamos nossa destruição às prestações.

Entretanto, não se tratava apenas de um processo que se desenvolvia e naturalmente conduziria à morte. Os riscos que envolviam o uso, as pessoas com as quais nos relacionávamos, os ambientes sociais que freqüentávamos, as situações de perigo em que nos envolvíamos eram ameaças muito presentes em relação à morte que poderia acontecer a qualquer momento.

Com o desenvolvimento de nossa recuperação, descobrimos que mesmo sem drogas não tínhamos aprendido a viver, ou seja, nossa personalidade adictiva se estendia a quase todas as áreas de nossas vidas. De forma geral, nossos pensamentos e convicções são automáticos negativos, destrutivos, exigentes e egoístas, não temos habilidade para lidar com as emoções e nossos comportamentos, por conseqüência, são inadequados.

Por isso, a primeira condição para a mudança é a abstinência. Sem ela conseguiremos fazer muito pouco em favor da nossa recuperação, principalmente considerando quão condicionadas podem estar nossas ações. Provavelmente passaremos ainda por muitas situações que nos levaram a usar, entretanto é preciso que assumamos nosso compromisso com a recuperação. Neste caso, é fundamental lembrar-se de onde viemos e daquilo que fazia parte de nossa ativa, principalmente do ponto de vista espiritual, assim como onde poderemos terminar.

A abstinência é uma condição necessária, mas não é suficiente. Considerando nossa personalidade, precisamos de uma revisão detalhada do nosso conjunto de valores e, principalmente, uma reforma íntima completa de forma geral. Restaurar alguns princípios espirituais naturais e responsáveis pela eficácia humana é fundamental, assim como interiorizar muitos outros. Estes serão responsáveis por uma nova consciência que será consultada no momento de nossas decisões. Da mesma maneira, intervenções cognitivas no sentido de reestruturar aqueles pensamentos e comportamentais no sentido de ter estratégias para situações específicas podem dar muitos resultados.

Todavia, este trabalho deve ser constante. Tem que se tornar um hábito. Costumamos lembrar que nossa personalidade e padrões de comportamento levam muitos anos até sua formação. Mudá-los, da mesma maneira, exigirá muita dedicação, determinação e disciplina.

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