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domingo, 26 de agosto de 2012

Mensagem do Dia - Importância da Auto-avaliação ou Diário


Nossa discussão de hoje é sobre a importância do inventário diário, auto-avaliação ou simplesmente diário.

Durante nossa ativa, podemos considerar que a possibilidade e/ou importância de auto-avaliação eram remotas ou mínimas. Em razão de uma vida completamente desequilibrada e, principalmente, controlada pelas drogas, conseguir um período por menor que fosse para se dedicar a este tipo de exercício pessoal era praticamente impossível.

Por outro lado, faltava sentido neste tipo de exercício diário. Discutimos em alguns textos como o determinismo cria em dependentes químicos um tipo de personalidade que acredita que não temos escolhas, que nossas características já estão determinadas e são imutáveis. A partir deste tipo de pensamento, podemos até reconhecer nossa impotência em relação ao álcool e outras drogas, mas não há nada que possamos fazer. Neste sentido, qualquer exercício de autoconhecimento é uma grande ameaça na medida em que pode revelar que somos muito piores do que imaginávamos.

Mesmo em recuperação, o dinamismo e velocidade de nossas vidas tornam este exercício muito difícil. São diversas as responsabilidades e papéis que temos como, por exemplo, trabalho, família, estudo, amigos, projetos sociais, entre outros. A sobrecarga de informações que recebemos a todo o momento e com a qual temos que lidar também é considerável. Por outro lado, algumas tarefas ou atividades cotidianas fazem parte de processos automáticos ou inconscientes como, por exemplo, o ato de comer. Dificilmente prestamos atenção como comemos. Por último, durante nossos dias, geralmente temos dificuldade para usar nossa autoconsciência, ou seja, pensar sobre nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Por tudo isto, sem um estado mental adequado fica complicado nos perceber e compreender mais amplamente aquilo que está acontecendo em nossas vidas.

Em algumas situações, motivados por boas intenções, podemos ter dificuldades para reconhecer erros, idéias de outras pessoas ou mesmo eventuais prejuízos que estamos causando a estas pessoas. Por exemplo, quando ficamos responsáveis por reunir as muitas idéias do grupo e finalizar o trabalho de escola ou quando tomamos uma decisão unilateral em nosso trabalho.

Assim como, podemos cobrar alguns desvios de comportamento como arrogância, desonestidade, procrastinação, entre outros, quando na verdade são atitudes que minutos depois estaremos tendo.

Em outras, seremos exageradamente críticos com outras pessoas motivados por modelos de perfeição e expectativas elevadas que criamos para nós mesmos, sendo, na maioria das vezes, intolerantes e ficando ressentidos.

Por último, podemos subdividir o ser humano de acordo com Covey (2010) em 4 dimensões que se interrelacionam entre si: físico, mental, social/emocional e espiritual. A qualidade de vida depende da manutenção equilibrada destas 4 dimensões. Por exemplo, será insuficiente nossa dedicação em atividades físicas com o objetivo de um corpo definido ou forte se não procurarmos ler ou o desenvolvimento de nossa espiritualidade que está fortemente relacionada com as outras três dimensões.

De forma geral, regularmente podemos retomar atitudes negativas e retornar ao padrão de comportamento de nossa ativa, mas a intensidade de nossos dias podem não permitir que percebamos isto.

Neste sentido, o diário aparece como uma ferramenta poderosa. Entretanto, ele só será eficaz se transformado em hábito e, portanto, praticado regularmente.

Algumas restrições podem dificultar o exercício da auto-avaliação como o 4º passo ou a revisão de outros de Narcóticos Anônimos (NA), assim como hipotéticas idéias de que fazê-lo pode ser muito difícil porque é algo novo. Na verdade, é muito fácil.

Só precisamos dedicar um pequeno tempo de nossos dias, sugerimos que seja à noite, para refletirmos sobre o dia que passou. Precisamos de um estado mental adequado e menos agitado que pode ser alcançado com a prática da oração e meditação antes do exercício. Para aqueles que têm dificuldades para escrever sobre seus dias, o folheto “Viver o Programa” de Na ou as perguntas do 10º passo podem servir de orientação.

O inventário funciona, também, como uma válvula de escape para nossas pressões, assim como a partilha. Através daquele, utilizamos nossa autoconsciência, nos conhecemos melhor, descobrimos aquilo que tem nos motivado, reconhecemos nossos erros e as conseqüências destes, acompanhamos a evolução de nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos, percebemos indicadores de lapso e recaída e analisamos em que medida aquilo que temos feito está relacionado com nossas metas e objetivos definindo, assim, o que precisamos manter e o que descartar, ente outras coisas.

Por fim, gostamos de lembrar que a recuperação de todo dependente químico é feita de atitudes positivas. Podemos classificar o inventário diário entre as mais importantes. Entretanto, não se trata tão simplesmente de uma atitude ou prática, mas de um hábito que se assimilado pode nos transformar radicalmente, assim como nossas vidas.

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