A nossa reflexão de hoje é sobre a importância de
ouvirmos atentamente e com empatia.
Durante nossa adicção ativa, a impaciência para
ouvir outras pessoas é, geralmente, uma característica muito comum.
Entretanto, a mesma inabilidade pode ser encontrada
em pessoas que, mesmo sem usar drogas, desenvolveram uma personalidade
parecida, assim como aqueles que não contam com uma espiritualidade bem
desenvolvida.
O educador Rubem Alves, em um de seus textos com o
título “Escutatória”, escreveu que sempre via cursos de oratória anunciados.
Nunca viu anunciado um curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar.
Ninguém quer aprender a ouvir. Pensou em oferecer um curso de escutatória, mas
chegou à conclusão de que ninguém iria se matricular.
Nós nos comunicamos através de quatro formas,
principalmente: lendo, escrevendo, falando e ouvindo. Durante muitos anos,
aprendemos a ler, escrever e falar, entretanto, dedicamos muito pouco, senão
nenhum, para aprender a ouvir.
Geralmente, quando as pessoas estão falando,
costumamos interrompê-las. Esta atitude, mesmo que inconscientemente, envia algumas
mensagens para o outro como, por exemplo, não estou prestando atenção naquilo
que está me dizendo, já que a mente está ocupada com a elaboração do que irei
falar, não estou valorizando sua opinião, assim como sua opinião não pode ser
mais importante que a minha, entre outros.
Na verdade, este tipo de comportamento expressa
nossa necessidade de ser compreendido antes de compreender.
Podemos subdividir nossa escuta em quatro níveis:
quando ignoramos o que a outra pessoa está dizendo, fingindo, na maioria das
vezes, que estamos ouvindo; quando escutamos seletivamente, ou seja, apenas
determinadas partes da conversa; quando escutamos concentradamente, ou seja,
prestamos atenção nas palavras que estão sendo ditas; e empaticamente, quando
temos a intenção de compreender. A escuta empática faz com que nos coloquemos
no lugar da outra pessoa. Vemos e compreendemos o mundo como ela, sentimos o
mesmo que ela.
Em Narcóticos Anônimos (NA), aprendemos que as
partilhas possuem um valor terapêutico muito expressivo porque além de
funcionar como uma “válvula de escape”, aprendemos com as experiências dos
outros e eles com as nossas. Mas para tanto, é fundamental ouvirmos
empaticamente. Assim, deixar de ouvir, internamente, nossos pensamentos e
opiniões.
Por outro lado, considerando a primeira função das
partilhas, o campo da motivação humana descobriu que necessidades satisfeitas
não motivam. Depois das necessidades físicas, as necessidades humanas são
psicológicas como, por exemplo, ser compreendido, se afirmar, receber
incentivo, ser amado, entre outros. Quando ouvimos empaticamente as pessoas,
satisfazemos esta necessidade psicológica. Além de que quando as pessoas se
sentem confiantes para se abrir, elas conseguem, durante este processo,
encontrar as soluções por si mesmas. Segundo Covey (2010), é como se estivessem
descascando uma cebola até chegar ao centro.
Segundo a literatura de NA, “a empatia pode alcançar e tocar o espírito de outro
adicto sem falar uma simples palavra”. Então, só por hoje, vamos nos esforçar
para ouvir mais atentamente praticando o princípio da empatia.
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