A discussão de hoje é sobre nossa liberdade de
escolha.
Segundo a literatura de Narcóticos Anônimos (NA), “Antes de ficarmos limpos, a maior parte de
nossas ações eram guiadas por impulsos” (p. 98. Texto Básico)
A ideia de impulso é resultado, em grande medida,
da experiência com cachorros de Pavlov e sua teoria de que estamos
condicionados a reagir de determinada maneira a um estímulo ou impulso
específico, assim como está, principalmente, associada à Psicologia
Comportamental ou Behaviorista.
Impulso pode ser definido como um estímulo que
possui força suficiente para nos levar a fazer determinada ação. Eles podem ser
básicos ou primários e adquiridos ou secundários. Nosso passado nos leva a
acreditar que, durante nossa ativa, muitas, senão a totalidade de nossas
atitudes era determinada por impulsos.
Há um princípio que lembra que todas as coisas são
criadas duas vezes, podemos chamá-lo de princípio da dupla criação. Segundo ele,
a primeira criação é uma criação mental e a segunda, uma criação física.
Podemos compará-lo à construção de uma casa. Primeiro, imaginamos o tipo de
residência que queremos, depois transformamos nossa ideia em uma planta,
planejamos a construção e só então damos início. Não idealizar nossa casa, por
exemplo, pode ser muito arriscado, principalmente do ponto de vista financeiro,
porque provavelmente serão muitas as modificações que decidiremos fazer.
De forma geral, em nossas vidas, não se preocupar
com a primeira criação ou o planejamento implica, necessariamente, entregar a
outras pessoas, circunstâncias, condições, entre outros, a possibilidade de
determinarem nossos comportamentos. Durante nossa ativa, era o que acontecia,
principalmente em relação às drogas. E as conseqüências deste tipo de omissão
são geral e notadamente desastrosas.
Eram muito grandes nossas dificuldades para tomar
decisões não somente em razão de obsessões e compulsões, mas também porque
assim estaríamos assumindo responsabilidades e, por conseqüências, eventuais
irresponsabilidades. Isto nos assustava. Por outro lado, o determinismo, os ressentimentos, entre outros fatores negativos, tinham peso muito expressivo em nossos comportamentos.
Em recuperação, começamos a descobrir que entre
qualquer estímulo e resposta há sempre um espaço chamado liberdade de escolha.
Ele pode ser relativamente pequeno, mas sempre existirá. Usamos nossa
autoconsciência, ou seja, pensamos sobre os nossos pensamentos, sentimentos e
comportamentos, submetemos nossas vontades à consciência do que é certo ou
errado, podemos isolar quaisquer influências e decidir com independência, assim
como imaginar possíveis escolhas e, principalmente, suas conseqüências. Embora
não possamos controlar os resultados de nossas ações, podemos prevê-los e assim
fazer escolhas mais prudentes e responsáveis.
Percebemos que independentemente das influências
que sofremos em nossas vidas, nosso futuro depende de nossas escolhas, da
iniciativa e responsabilidade em relação a elas, o que podemos chamar de
proatividade. Segundo a literatura de NA, não somos culpados por nossa doença,
mas somos responsáveis por nossa recuperação.
Notadamente, uma nova consciência é indispensável
para boas escolhas. Podemos consegui-la restaurando alguns princípios
espirituais básicos da eficácia humana, assim como interiorizando outros. O
programa de 12 passos com o despertar espiritual progressivo resultante dele é
uma ferramenta poderosa para tanto. Neste sentido, a orientação de um
profissional ou padrinho também pode ajudar muito.
Entretanto, toda decisão final é pessoal. Segundo o
livro Minutos de Sabedoria, “Os conselhos
ajudam. Mas não se esqueça de que a solução de nossos problemas está dentro de
nós mesmos, na voz silenciosa de nossa consciência, que é a voz de Deus dentro
de nós. Não se deixe enganar: só você será o responsável pelo caminho que
escolher”.
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