Nosso tema de hoje é sobre o contato
consciente com o Poder Superior.
Durante nossa
ativa, desenvolvemos uma dependência muito grande em relação às drogas e à
adicção de forma geral, uma força negativa, destrutiva e muito maior que nós.
Em razão da obsessão e compulsão por drogas, respectivamente do ponto de vista
mental e físico e, por conseqüência, do egocentrismo e valores que
desenvolvemos a partir dele como desonestidade, manipulação, mentiras, egoísmo,
entre outros, chegamos a Narcóticos Anônimos (NA) com o que podemos chamar de
completo “vazio espiritual”.
Em razão
desta ausência de espiritualidade e fé, não conseguíamos confiar em qualquer Poder
Superior, tínhamos medo do futuro, uma característica da auto-obsessão,
principalmente porque nossas experiências passadas eram a expressão do
fracasso. Nossos sonhos tinham um limite intransponível: as drogas.
Não era muito
comum fazermos orações ou falar com Deus, exceto em situações de risco ou
quando sentíamos muita dor. Por exemplo, na iminência de ser descoberto e preso
pela polícia ou em um estado bastante depressivo pós-uso.
Durante o
processo de negação, é comum acreditarmos que nossas necessidades são, por
exemplo, financeiras, mudança de bairro ou cidade, outro emprego, amigos,
distância da família, entre outras, porque assim justificamos. Todavia, não
demora muito para descobrirmos que nossa verdadeira necessidade é de orientação
espiritual.
Estávamos
notadamente falidos do ponto de vista espiritual. Nossa vida fazia quase nenhum
sentido.
Com a
rendição que se iniciou no 1º passo, admitimos nossa impotência em relação às
drogas e à adicção de forma geral – que nossos pensamentos eram automáticos e
destrutivos, não conseguíamos lidar com nossos sentimentos e, por conseqüência,
nossos comportamentos eram desastrosos –
, abandonamos as reservas e aceitamos a recuperação como solução para nossas
vidas, assim como que agora precisamos assumir as responsabilidades por fazer
diferente. Entretanto, continuamos impotentes. Mas o programa nos diz que um
Poder maior do que nós e que a nossa doença pode devolver-nos à sanidade. Então
começamos a questionar qual a vontade deste Poder em relação a nós.
A vontade
deste Poder é uma vida baseada nos princípios espirituais. Cada passo possui um
conjunto de princípios e é através daquele que desenvolvemos, progressivamente,
o tão almejado despertar espiritual, uma nova consciência.
Este Poder
Superior, aos poucos, vai libertando-nos da obsessão, da compulsão, dos defeitos
ou desvios de comportamento na medida em que nos dá coragem para reconhecê-los
e orientação para mudá-los. Não lutamos mais contra eles e, assim, não são mais
alimentados.
Entretanto,
esta orientação é conquistada com um relacionamento de mão dupla. Como todo
relacionamento, deve ser baseado na confiança, no cumprimento de compromissos pré-estabelecidos,
em pedidos que não se resumem a interesses egoístas, praticando, sobretudo, a
honestidade.
É de mão
dupla porque falamos com Ele através da oração e “escutamos” através da
meditação. Escutar, neste sentido, é restaurar e/ou interiorizar os princípios
de forma a conseguir reestruturar os pensamentos automáticos e mal adaptativos,
controlar as emoções, entre outros.
Ainda assim,
haverá momentos em que teremos algum desejo e/ou dúvida e submetê-lo aos
princípios pode não ser suficiente. Por exemplo, recebemos uma proposta de
emprego e não sabemos se aceitamos ou não. Neste caso, a intuição é a expressão
da orientação divina. Em 2005, quando Steve Jobs já doente discursou para os
alunos de Stanford, ele disse que temos de ter coragem de seguir nosso coração
e intuição. Pessoas com espiritualidade desenvolvida certamente estarão tomando
a decisão mais acertada.
Por fim, não podemos
esquecer que o Poder Superior faz a parte dele. Simplesmente pedir orientação
não resolve. É preciso iniciativa. Pedir um emprego para Deus sem ao menos um
currículo é uma grande ilusão.
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